Há tantos desencontros, hoje, no que se refere à comunicação... porque não é dada a devida valorização à boa fala, boa escrita ... o que só ocorre com estudo, leitura e conhecimento de línguas. De modo que conhecer uma língua não é saber o significado de meia dúzia de palavras ou mil palavras, que seja. É penetrar no mundo desta língua, nos sentimentos, valores, hábitos e posturas que os cidadãos de uma sociedade emitem através de seu modo de falar. Tudo isto precisa de ESCOLA e LIVROS.
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Bem, hoje a questão literária está sofrendo grandes transformações, sobretudo no que tange à variação de plataformas (livros, sites, e-books). Além disso, encontramo-nos diante de diferentes possibilidades de comunicação para além dos livros e leituras (vídeos, áudios, entre outros), não minorando a importância da boa comunicação e do conhecimento.
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A pessoa que quer progredir na vida e integrar-se à sociedade em que está inserida preza esses aspectos. Sendo assim, o Centro Cultural 25 de Julho de Porto Alegre, à época de sua instalação, trouxe como uma de suas primeiras e mais importantes atividades o ensino de línguas – portuguesa e alemã. Paralelamente providenciou uma biblioteca e organizou grupos de estudos. Faz-se necessário abordar estes dois itens em particular.
BIBLIOTECA
Assim que o Centro Cultural 25 de Julho esteve institucionalmente mais consolidado, uma das primeiras providências foi estruturar uma biblioteca. O “25” tinha uma sala alugada no centro de Porto Alegre, na Rua Senhor dos Passos, onde realizava suas reuniões de diretoria. Lá começaram a ser organizados os livros da sua biblioteca, que pôde ser inaugurada com atividades para o público apenas em agosto de 1954. Em 1952 os livros foram comprados e, em outubro do mesmo ano, foi contratada uma bibliotecária, a Frau Edith Hogetop, que organizou os volumes e os disponibilizou ao público na sede nova, alugada, na Av. Cristóvão Colombo.
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Esta biblioteca tinha um acervo de mais de dois mil livros sobre os mais diversos assuntos (literatura, história, ciências, turismo e artes). Esse acervo era sempre incrementado por centenas de doações e aquisições anuais de associados. Estas informações são constantes nos Boletins Informativos das décadas de 1960 e 1970, bem como nos Relatórios da Associação. Tudo isso indica a importância da biblioteca e o grande movimento que acontecia em torno dela. Ela funcionou e foi muito frequentada durante décadas.
A maioria dos livros era em alemão, suprindo, assim, uma lacuna para a quase totalidade dos associados que falavam e liam em alemão. Afinal de contas, este tipo de literatura não seria encontrado satisfatoriamente numa Biblioteca Pública do Estado, por exemplo. O Centro Cultural 25 de Julho era uma das entidades de referência alemã na cidade assim como o Centro Cultural Americano o era da cultura inglesa, a Sociedade Italiana da italiana e o Círculo Social Israelita da hebraica.
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A senhora Edith Hogetop permaneceu como bibliotecária do “25” até a década de 1970. Olavo Fröhlich lembra: “Em 1975 entrei no “25”, e a maioria dos livros era ainda em alemão. A partir dali começaram a surgir mais livros em português.” A biblioteca ainda funcionou por bem mais tempo, após a Sra. Hogetop, trabalharam outras bibliotecárias, o volume de livros cresceu, contando com acervo maior que 3,5 mil livros, os horários de funcionamento da biblioteca também cresceram.
Você lembra das outras bibliotecárias? Contribui com tuas lembranças para esta história. Vamos puxar um pouquinho a memória. A profissional que entrou depois da Sra. Hogetop, ainda em 1976 foi Martha Niebach. Escreve sobre quem você conheceu nos comentários ali abaixo!
Mas os tempos foram mudando, a segunda língua aprendida no Brasil tornou-se o inglês e, com a fusão de etnias, o alemão foi deixando de ser falado e lido. Entretanto, IMPORTANTE!
SE HOJE VOCÊ QUISER APRENDER ALEMÃO, O CENTRO CULTURAL 25 DE JULHO ESTÁ REINICIANDO A PROMOÇÃO DE ENSINO DESTA LÍNGUA!
GRUPOS DE ESTUDOS
Com a biblioteca, a proposta cultural da Associação e o contexto histórico sem mídias digitais e informatização como hoje, a formação de grupos de estudos era consequência certa.
Na verdade, já antes do funcionamento da biblioteca, em 1952, formaram-se grupos de estudos. Um deles é o Grupo de Iniciação em Literatura com aulas semanais orientadas pelo professor Ricco Harbich. O grupo contava, à época, com 20 participantes, entre eles, 17 jovens.
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Numa reunião de diretoria em janeiro de 1953, pela ocasião do relatório das atividades deste grupo, o Sr. Frederico Albers falou da necessidade de se iniciar também um grupo de estudos de História do Brasil. Pe. Balduino Rambo, Alberto Schmid e Dr. Klaus Becker foram convidados para orientar este grupo.
ENSINO DE LÍNGUAS
Desde os primeiros anos também se buscou promover o ensino de línguas. Inicialmente a língua portuguesa era ensinada para quem precisasse. O ensino do alemão era uma questão delicada. Ainda no início da década de 1960, percebem-se restrições quanto ao ensino EM LÍNGUA ALEMÃ – ou bilíngue – em função de legislações federais. Esta foi uma conquista e grande inovação do Centro Cultural 25 de Julho em Porto Alegre, pois se sabe que no Kindergarten o ensino, à esta época sob os cuidados de Tante Elly, era bilíngue. Das atas de reuniões da diretoria, sabemos que se empenharam neste quesito os srs. Werner Franke e Heinz Döhmel, entre outros.
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Com o passar dos anos, o ensino da língua alemã para brasileiros foi sendo normalizado, incentivado e bem frequentado. Constante em um Informativo do “25” de junho de 1963, uma das professoras de língua alemã foi a Sra. Gottschalk. O ensino de língua alemã no Centro 25 de Julho durou até 2018 e está retornando agora, em 2021.